Seduc garante alfabetização e ensino profissional a famílias na Casa de Passagem do Migrante

Por Tallita Tajra e Willame Lucas



“Na Venezuela eu não tinha dinheiro para comprar comida, não tinha como sustentar meus 6 filhos. Viemos para o Brasil porque não dava mais para viver daquela forma”. A história da Jamile Mendonça, 37 anos, é similar à de muitos refugiados e migrantes venezuelanos que encontraram no Brasil a oportunidade de recomeçar. Indígena da tribo Warao, Jamile saiu da cidade de Tucupita (Venezuela), morou em Santarém (Pará) e chegou no Piauí em abril de 2019 em busca de emprego e de um lugar para chamar de lar.



Jamile e os 6 filhos estão entre as 14 famílias venezuelanas que serão abrigadas na Casa de Passagem do Migrante inaugurada nesta quinta-feira (02) pela governadora do Estado, Regina Sousa. Com capacidade para receber até 50 pessoas, a casa do Migrante é um serviço de acolhimento imediato e emergencial para famílias ou pessoas do mesmo sexo.

"Eu tinha uma casa na Venezuela, trabalhava com pesca, fazia colar e pulseira de miçangas, mas as condições ficaram difíceis e resolvi vir para o Brasil. Aqui no Piauí consegui vaga no abrigo e lá, com apoio da Cáritas, estou conseguindo trabalhar. Eu ajudo as professoras a ensinar as crianças. Já falo um pouco de português e na hora da aula fico traduzindo o que a professora ensina para os meninos", conta Jamile reafirmando a esperança que tem de, aqui no Piauí, melhor qualidade de vida. "Viemos da Venezuela tentando recomeçar a vida. Aqui no novo abrigo espero melhorar a vida das crianças, aprender a falar português e poder trabalhar", reforça.



Por meio de parceria entre as Secretarias de Estado de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc), Educação (Seduc), Secretaria Municipal de Educação- SEMEC, Fundação Municipal de Saúde-FMS, Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi), Cáritas e Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR, além do acolhimento, a Casa vai oferecer às famílias atendidas cursos profissionalizantes, tratamento de saúde, inserção das crianças na escola, alfabetização e ampliação de escolaridade por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA).



Mais do que um espaço de moradia, o secretário de Estado da Educação, Ellen Gera, informou que as famílias terão o acesso ao ensino de forma integral da alfabetização a educação profissional.

"A parceria com as diversas entidades permitirá que este espaço sirva como, realmente, bem mais que um abrigo, pois vamos trazer para os imigrantes a nossa educação pública da rede estadual de educação. As famílias terão acesso à alfabetização com a Educação de Jovens e Adultos (EJA), com o enfoque no trabalho de qualificação profissional com cursos técnicos pelo PROEJA. Iremos buscar a integração das pessoas migrantes que estão hoje no estado do Piauí para que eles possam se sentir cada vez mais incluídos no nosso estado", declarou.


Segundo a governadora do Piauí, Regina Sousa, as famílias abrigadas terão a oportunidade de ter assistência educacional, social e os mecanismos de gerar renda durante as estadias.

"A pessoa imigrante está sempre em busca de um novo lugar, principalmente o indígena da etnia warao, que tem a tendência de buscar seus pares. Neste caso, a Casa de Passagem torna-se um ponto de apoio para o imigrante, seja estrangeiro, ou de outro estado brasileiro, para ficarem por temporada ou se organizarem para fixar residência no estado. Este é o primeiro passo da convivência em um espaço adequado para então ofertamos a educação, ofertarmos serviços de assistência social, além da parceria com a artista plástica e designer Kalina Rameiro, com o foco na economia criativa, especificamente no artesanato, criando cursos que resultem na geração de renda para estas famílias", explicou a governadora.




A assistente sênior do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR/ONU), Vanuza Nunes, destacou o trabalho pioneiro que o Piauí executa quanto ao tema da migração.

"Estamos inaugurando um instrumento que pode servir de modelo para todas as iniciativas que tendem a proteger o refugiado e o imigrante. Neste espaço serão disponibilizadas as políticas públicas que vencem uma série de desafios e teremos que tratar este instrumento como política pública constante. Vamos acompanhar a dinâmica dos waraos para subsidiar os meios de vida, formas de geração de renda e autonomia, bem como as regularidades dos abrigos", detalhou a representante da ONU.



O secretário da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos do Piauí, José Santana, saudou as parcerias com os distintos órgãos para abrigar os migrantes no estado.

"A nossa querida governadora Regina enfatizou, e de forma muito mais incisiva, colocou para toda a nossa equipe a necessidade da ampliação desta atenção. O Piauí trabalhou de forma efetiva para que pudéssemos instalar esta Casa. Trabalhamos em várias frentes para comportar de forma digna e oferecer o acesso ao serviço social, a educação e futuramente meios de gerar renda para que estas famílias possam ter as condições de estadia", disse.