Projeto de intervenção nas escolas prepara docentes para lidar com cultura indígena e afro

A Secretaria de Estado Educação e Cultura (Seduc) e o Centro de Formação dos Profissionais da Educação Antonino Freire visando preparar o professor de ciências humanas para lidar com as exigências impostas pelas Leis 11.645/2008 e 10.639/2003 está realizando o I Ciclo de Palestras das Relações Ético-raciais para o Ensino da História e Cultura Afro-brasileira, africana e indígena. A culminância do projeto será uma atividade de intervenção nas escolas, que deve ser aplicado  dia 26 de agosto pelos professores que participam da formação. Os ciclos de palestras continuam nos dias 02  e 09 de setembro. No dia 16 de setembro acontece o encerramento a socialização das experiências aplicadas nas escolas com um coquetel a ser realizado no Antonino Freire.   

 

Durante o evento, a doutora antropóloga Carmem Lúcia da Silva Lima, pesquisadora do CNPQ com um projeto que busca refletir o fenômeno da emergência ética no Piauí, destacou a relevância desse trabalho que a Seduc está desenvolvendo visando preparar o professor para lidar com o multiculturalismo típico da população brasileira, bem como se adequar às exigências legais. Especificamente com as Leis 11.645/2008 e 10.639/2003 que tornaram obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados,  o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena.

 

De acordo com a Lei 11. 645/2008, "o conteúdo programático deve  incluir aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil", diz o artigo 1º da referida lei. 

 

Valorizar a cultura indígena é desafio da escola inclusiva

Entre os principais desafios, segundo a doutora Carmem Lúcia, além de cumprir efetivamente a lei, estão "a necessidade de se criar escolas indígena nas comunidades indígenas, criar o magistério indígena, pois a educação indígena é diferenciada e para ser professor indígena é preciso ser indígena". Segundo Carmem Lúcia, o Piauí tem comunidades indígenas nos municípios de Piripiri, Pedro II e Lagoa do São Francisco e a no município de Queimada Nova.

 

Ao se falar sobre os desafios colocados hoje às populações indígenas os pesquisadores alertam para a forma como a cultura indígena vem sendo apresentada nas escolas. "Assim como os outros mudaram as populações indígenas também mudaram, então é normal que o índio use celular, ande vestido, que faça faculdade, etc", relata a pesquisadora. 

 

Novos olhar - Orgulho da origem indígena e negra 

 

Um dos aspectos positivos relatados pela doutora Carmem Lúcia é que pessoas de origem indígena e negra começam a sentir orgulho de sua origem que até bem pouco tempo era negado. Isso é possível em uma sociedade  multicultural. "Nesse sentido a CRFB/88 é um marco, pois é a primeira vez que se reconhece o Brasil como constituído como de uma diversidade de povo", destaca.   

A doutora Carmem Lúcia, que já desenvolveu estudos sobre a população indígena nos estados de Roraima, Ceará, Piauí, Recife, relata que os índios da região Norte têm um posicionamento diferente em ralação a sua raça em relação aos índicos do Nordeste, que tem uma tendência a negar sua origem, o que culmina em uma contagem subestimada dessa etnia.