Pesquisa científica de aluno do CEPTI Cândido Borges vence o MILSET Brasil 2016

O projeto de pesquisa científica Classificação Operacional Predominante em Hanseníase no município de Campo Maior - PI, executado por Kaio Martins e Silvano Orsano, aluno e professora do Centro Estadual de Ensino Profissional de Tempo Integral (CEPTI) Cândido Borges Castelo Branco, respectivamente, foi vencedor do Movimento Internacional para atividades de lazer em Ciência e Tecnologia - MILSET Brasil 2016.


O MILSET é uma organização de juventude politicamente independente, que visa desenvolver a cultura científica entre os jovens através da organização de programas e ciência-tecnologia.

A pesquisa científica Classificação Operacional Predominante em Hanseníase no município de Campo Maior surgiu a partir do questionamento de Kaio Martins. O aluno do curso técnico em enfermagem tinha conhecimento de que nos anos 80, o município de Campo Maior, entre todas as cidades do Piauí, foi a primeira a inserir o tratamento de poliquimioterapia, que tinha sido descoberto e lançado à época pelo governo federal como tratamento para a hanseníase.

A Classificação Operacional Predominante foi realizada através de pesquisa nos nove postos de saúde da cidade. Foram diagnosticados 26 casos no universo de 46 mil habitantes, enquanto o Ministério da Saúde preconiza o registro de 1 caso para cada 10 mil habitantes, o que trouxe à tona o fato de que em Campo Maior a doença é endêmica.

A partir disso, aluno e professora desenvolveram ações para incentivar na população a busca pelo diagnóstico precoce. "Depois de constatarmos essa difícil realidade em nossa cidade, passamos a ministrar palestras nas escolas para conscientizar a juventude sobre o que é a doença e sensibilizar a comunidade para fazer a análise da autoimagem e buscar a unidade básica de saúde para ter um diagnóstico precoce", relata Kaio Martins.


Dos 26 casos de hanseníase registrados em Campo Maior, 95% são do tipo da doença que é transmitida por vias aéreas. "O nosso objetivo com o diagnóstico precoce é evitar que a doença se espalhe na cidade. Se conseguirmos o diagnóstico da hanseníase paucibacilar (tipo não transmissível) poderemos evitar a evolução da doença para a hanseníase multibacilar ( transmitida por vias aéreas) e reduzir o número de novos casos registrados até que esse percentual chegue a zero", destacou a professora Silvana Orsano.

A pesquisa científica será apresentada na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia - FEBRACE 2017, que acontecerá no mês de março, em São Paulo. Mas antes disso, a Classificação Operacional Predominante em Hanseníase no município de Campo Maior vai concorrer na final do Movimento Científico Norte e Nordeste junto com a Mostra Científica do Cariri - VII MOCINN/I MOCICA 2016, entre os dias 22 e 26 de agosto desse ano, em Juazeiro do Norte - CE.

Hanseníase

A hanseníase é uma doença crônica, infectocontagiosa (transmissível por meio de tosses e espirros), cujo principal agente etiológico é o Mycobacterium leprae (M. Leprae). Esse bacilo tem a capacidade de infectar grande número de indivíduos, no entanto poucos adoecem. A doença atinge pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas.

A hanseníase é uma doença de notificação compulsória em todo o território nacional e de investigação obrigatória. O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase, atrás somente da Índia. Em 2014, foram diagnosticados 24.612 novos casos de hanseníase. Apesar do número elevado, os índices vêm diminuindo anualmente desde 2003, segundo dados do Ministério da Saúde.