Alunos com deficiência auditiva recebem ações para sua integração nas escolas


A inclusão das pessoas com deficiência auditiva começa ainda na escola e a Secretaria do Estado da Educação (Seduc) tem trabalhado para que os jovens consigam ingressar em um curso superior e se inserir no mercado de trabalho. Nas revisões realizadas pela Seduc para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), por exemplo, os alunos agora contam com uma intérprete de libras, para realizar a tradução simultânea do conteúdo trabalhado pelos professores.

"Essa é uma novidade deste ano de 2016, realizada a pedido da secretária de Educação Rejane Dias, e que deve virar uma rotina nas revisões e eventos da Seduc", afirma o superintendente de Ensino da Seduc, Ellen Gera.

Esse trabalho é um reflexo do que pode ser visto na rede estadual de educação. "Cada vez mais os alunos deficientes auditivos são mais integrados aos demais estudantes, graças ao trabalho feito pelos técnicos e professores que acompanham esses alunos. E isso é muito importante para a inclusão deles na sociedade", destaca Rejane Dias.


Na rede estadual, o aluno deficiente auditivo tem direito a duas matriculas, uma na escola regular e no contraturno ele deve ser inscrito nas salas de atendimento educacional especializado (AEE) que são encontradas em diversas escolas da rede estadual. 

Nas salas regulares, os alunos contam com intérprete, no caso do professor não ser capacitado em libras, que fica passando o conteúdo aos estudantes deficientes auditivos. Já nas salas de recurso do AEE, criada pelo Ministério da Educação, é realizado um trabalho diferente com os alunos, dependendo da necessidade do mesmo. Os alunos frequentam as salas de recursos duas vezes por semana, onde eles aprendem tanto a desenvolver suas habilidades de sala de aula quanto o seu cognitivo.

"Nestas salas, o aluno não vai aprender só o conteúdo didático, ele vai trabalhar a sua a sua parte cognitiva com o professor especialista, desenvolvendo sua percepção", conta a gerente de Educação Especial da Seduc, Eleonora Sá.


Segundo a gerente a principal mudança é percebida ao observar que esses estudantes passaram a ter um maior círculo social de amigos. "Antes tínhamos um grande número de alunos com depressão, pela falta de comunicação com os colegas de turma. Desde que este trabalho começou a ser feito e graças a libras e a tecnologia a situação mudou muito", conclui Eleonora.

CAS oferece acompanhamento para deficientes auditivos e cursos de capacitação


No Centro de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS-PI) são trabalhados tanto os cursos de formação, quanto o atendimento educacional especializado dos deficientes auditivos. Os cursos são oferecidos para profissionais, assim como para a comunidade em geral. Hoje, o centro recebe 300 pessoas por semestre nos cursos de formação.

"Nós oferecemos cursos de libras básico e intermediário, o curso de práticas em libras e o de voz libras. Também temos os cursos profissionalizantes como tradutor e intérprete de libras, além de formação de instrutor. Este último geralmente é feito pelos próprios deficientes auditivos", afirma a diretora do CAS, Rachel Andrade.

Para os 70 deficientes que hoje frequentam o CAS são oferecidos os cursos de português, de letramento, preparatórios do Enem e letras libras. Essa metodologia é importante, já que o português é a considerada a segunda língua dos surdos com a libras sendo a primeira. Segundo a professora de português, Djanes Lemos, essa metodologia tem funcionado.  "Quando nós trabalhamos com o bilinguismo há realmente um aprendizado. É claro que cada um tem seu tempo de aprendizagem, mas como nós trabalhamos com essa proposta e conhecemos cada especificidade do surdo, conseguimos superar essas barreiras", afirma.

No CAS ainda existe o núcleo familiar, que promove apoio às famílias desses alunos, organizando grupo de estudos, terapia familiar, palestras educativas e acompanhamento multidisciplinar.

"Esse acompanhamento é feito por psicólogo, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psicopedagogos para os alunos, pais e também para os professores que estão com algum problema", conclui Rachel Andrade.