EJA amplia oferta de alfabetização



"Compensar o tempo perdido", esta foi a expressão que por muitos anos acompanhou a identidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) na sociedade pela forma suplementar ao ensino regular.

Felizmente, a visão sobre alfabetização na EJA vem sendo construída e modificada historicamente, permitindo um olhar diferenciado ao seu público, acolhendo novas formas de conhecimentos, interesses e necessidades de aprendizagem e ligadas à qualificação.

De acordo com o Secretário de Estado da Educação, Ellen Gera, a EJA é uma modalidade da Educação Básica nas etapas do Ensino Fundamental e Médio, que visa oferecer oportunidade de estudos às pessoas que não tiveram acesso ou continuidade desse ensino na idade própria de escolarização. No Piauí, a estrutura curricular para a modalidade é organizada por segmentos e etapas, na forma presencial, com idade mínima para ingresso de 15 anos para o Ensino Fundamental e 18 para o Ensino Médio.




"A modalidade de Educação de Jovens e Adultos atualmente é ofertada em 223 municípios, 21 GREs e 400 unidades escolares da rede de ensino, incluindo os 27 Centros de Educação de Jovens e Adultos (CEJAs), que são infraestruturas próprias para atendimento especifico da EJA, nas etapas de Ensino Fundamental e Ensino Médio", explica o gestor.

O reforço nos investimentos humano e financeiro da EJA demonstram que esta é uma área prioritária para o Governo do Estado.

A Secretaria de Estado da Educação, por meio da Superintendência de Educação Técnica - Profissional e da Educação de Jovens e Adultos (SUETPEJA), vem adotando ações para garantir o acesso à escolarização já tardia, à permanência escolar e ao sucesso de jovens e adultos. Nos últimos dois anos, o analfabetismo no Piauí caiu de 20,2% para 16,6% em decorrência das campanhas adotadas para sensibilizar a população para retornar aos estudos.

"O Piauí apresentou uma crescente evolução das matrículas e taxas de analfabetismo. Em 2015, as matrículas na EJA no Ensino Fundamental eram 44% e deu um salto para 75% no ano de 2018. Esse aumento expressivo de matrículas deu-se devido a uma ação de mobilização, a Busca Ativa", esclarece o superintendente da SUETPEJA, José Barros Sobrinho.

Esta mobilização é caracterizada por um levantamento prévio dos locais onde há maior demanda dos programas e modalidades de ensino e, com base nesses dados, servidores da Seduc e professores em todo o Estado vão fazer visitas em bairros, assentamentos, comunidades rurais e até sindicatos que tenham pessoas adequadas aos perfis atendidos na modalidade.

Após essas iniciativas de sucesso, a oferta de vagas para a educação básica na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no estado do Piauí deu um salto significativo, registrando em 2018, 132.456 alunos matriculados na modalidade EJA em comparação ao ano de 2015, com 32.344 matriculas, o crescimento foi de 309,5%.






Segundo a diretora de Unidade de Educação de Jovens e Adultos Seduc, Conceição Andrade, a continuidade de investimentos pelo Governo do Estado na modalidade de ensino tem garantido os resultados positivos nas taxas de alfabetização.

"Desde 2016, o governador vem destacando a alfabetização como uma política prioritária, como meta do Plano Estadual de Educação. Nos anos de 2016 a 2018, tivemos investimentos tanto federal quanto estadual e isto ficou visivelmente destacado nos dados. O Piauí foi o Estado que mais alfabetizou proporcionalmente em todo país. Para 2020, iremos implementar uma maior oferta com 200 mil atendimentos em todo estado através do Programa Educar Piauí", pontuou Conceição Andrade.

Para contribuir ainda com a redução da taxa do analfabetismo e elevação da escolarização, a UEJA implementou ações da EJA no sistema prisional, Projovem Urbano e parcerias com instituições sociais, como SEAD, SEJUS, Fazenda da Paz, CEAPI, SEST/SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagens e Transportes, Grupo Carvalho e Convênio de Parcerias com 26 comunidades terapêuticas.

Para além dos números, as medidas adotadas pela Seduc para ampliar o alcance da EJA se reflete na mudança social em decorrência da alfabetização implementada, como os exemplos narrados pelos alunos do Centro de Ensino Jovens e Adultos Professora Maria Rodrigues das Mercedes, localizado na cidade de Teresina.

Alfabetizado aos 47 anos, Adalton Carneiro dos Santos retomou os estudos há dois anos por sentir dificuldade na leitura e afirma que "hoje eu me sinto outra pessoa. Há dois anos eu tinha dificuldade de ler e a leitura mudou a minha vida", disse.

O aluno José Gomes da Silva também passou pela mesma dificuldade, hoje superada. "Passei muito tempo sem estudar, sentia muita dificuldade de ler como os letreiros dos ônibus, placas na rua e tinha dificuldade de entender. Hoje, após quarenta anos longe da escola, eu consigo entender tudo que está escrito", comemora.

A estudante Maria de Nazaré da Silva afirma que foi por meio da escola que ela conseguiu superar o medo de errar as palavras. "Iniciei os estudos este ano, ao procurar o Ceja por não saber escrever. Hoje em dia eu não tenho mais este medo de errar as palavras. A escola me ajudou muito nesta nova fase da minha vida", destaca.