Mais Matemática muda índices da educação do Piauí
A Unidade Escolar Luiz Soares da Silva é a escola que atende
os estudantes do Ensino Médio e Educação para Jovens e Adultos (EJA) na pequena
cidade de São José do Peixe, que fica a 315 km da capital Teresina e abriga
3.700 habitantes. Por lá, uma professora tem mudado o gosto dos alunos pela
Matemática.
Rejane Sousa há 20 anos se dedica à sala de aula e desde 2017 é uma Multiplicadora do Mais Matemática, projeto da Secretaria de Estado da Educação do Piauí (Seduc) vinculado à Unidade de Ensino e Aprendizagem no programa Pacto pela Aprendizagem, que incentiva a aprendizagem da disciplina que ainda é temida por muitos.
De forma lúdica e com novas metodologias,
professores de toda a rede aplicam as ações do projeto em oficinas realizadas
pelo menos uma vez por semana. "Com isso vamos diminuindo a quantidade de
alunos com o desempenho abaixo do básico nas avaliações do Saepi (Sistema de
Avaliação Educacional do Piauí). Estamos mudando a forma de ensinar Matemática
e desmistificando a ideia de que é difícil aprender a matéria", fala a
profissional da educação.
Graças ao projeto, logo no primeiro ano de execução foi
possível avançar mais do que a soma dos 5 anos anteriores. Os resultados das provas
do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica), também responsáveis por
qualificar o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), comprovam
essa realidade assim como o aumento do número de medalhas e menções honrosas
conquistadas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas
(OBMEP).
A professora Rejane Sousa é uma das Multiplicadoras do Mais
Matemática pela 10ª Gerência Regional de Educação (GRE), sediada na cidade de
Floriano, que atende 7 municípios circunvizinhos. O Multiplicador, como o nome sugere, é quem passa todos os conteúdos a serem abordados e, principalmente,
como serão trabalhados nas oficinas. De acordo com o planejamento, todo mês
os Multiplicadores da 10ª GRE devem se reunir com cerca de 20 professores de
matemática das escolas públicas da região.
"O Mais Matemática não é só fazer as atividades dos cadernos
que passamos. A intenção do projeto é que os alunos respirem Matemática em
atividades interessantes com o foco na aquisição de competências", explica o
professor Sérgio Ramos Carvalho, coordenador do Mais Matemática pela Seduc.
E assim tem sido na prática. Com os alunos da Unidade
Escolar Luiz Soares da Silva, por exemplo, a professora Rejane Sousa trabalha
desde jogos que levem o aluno desenvolver o raciocínio lógico a gincanas
matemáticas. "Fazemos muitas rodas de conversa discutindo questões e daí também
surgem as ideias de gincanas, do Café com Matemática e da competição de jogos, que
são objetos de ensino e aprendizagem produzidos por todos", complementa Rejane
Sousa.
A aplicação de simulados semanalmente e a elaboração de
projetos interdisciplinares também fazem parte do plano de atividades. "Nós
podemos aplicar a Matemática até na música", diz a professora que confessa o
gosto de trabalhar com projetos. "Focando nos jogos associados aos conteúdos
trabalhados em aula podemos demonstrar que o aprendizado se torna atrativo, é
mais fácil assimilar", reitera.
Logo no início deste ano, a coordenação do Mais Matemática
se reuniu com os Multiplicadores para formação. Quem não pôde vir à capital
acompanhou as pautas via mediação tecnológica pelos 380 polos do Canal
Educação. No próximo dia 4, um novo encontro está marcado para o balanço do
andamento das atividades, repasse de material e sugestão de novas abordagens.
Além de auxílio na parte metodológica, os professores
multiplicadores do projeto são acompanhados pela equipe do Núcleo de
Acompanhamento Pedagógico (NAP), da Unidade de Ensino Aprendizagem (Unea) da
Seduc, setor diretamente responsável pelo Mais Matemática na secretaria. A
equipe pedagógica passa as demandas aos Multiplicadores que, por sua vez, repassam
aos coordenadores pedagógicos das unidades.
De norte a sul, em outras cidades do interior do Piauí, o Mais Matemática foi um dos projetos com maior aceitação entre os estudantes, podendo ser aplicado nas mais diversas áreas.
Em Uruçuí, os alunos aprenderam equações com uma balança e a utilizar os números em cálculos.
Em uma gincana de Matemática os alunos incorporaram os assunto até no nome das equipes.
As escolas que estiverem com o rendimento abaixo do esperado
são visitadas pessoalmente pelo gestor. "É um trabalho difícil, de
continuidade, por isso precisamos acompanhar de perto", fala Sérgio Carvalho.
O próximo resultado a ser trabalhado é o do Saepi (Sistema
de Avaliação Educacional do Piauí). "Estamos aguardando na expectativa de
atingir resultados mais ousados do que em 2017", finaliza o coordenador.