Com o objetivo de debater a importância do combate à violência contra a mulher no convívio em sociedade, bem como levar os participantes a um posicionamento; simular audiências e júris, com a participação de alunos sob a orientação de professores, visando desenvolver habilidades de leitura, compreensão e reflexão crítica, o CEEP Ruy Berger realizou na noite desta quinta 23, o Projeto "Juri Simulado - Crime: Estupro", no pátio da escola que fica localizada no bairro Alto da Ressurreição em Teresina.

O projeto é um trabalho interdisciplinar, que conta com a participação de toda a comunidade escolar, no intuito de incentivar a discussão de gênero na grade curricular e no meio social no qual estamos inseridos e ainda estimula o desenvolvimento da oratória do aluno por meio do exercício de defesa de suas ideias em público.

De acordo com o professor de história Wagner Caldas que elaborou o projeto, a ideia é contribuir para uma discussão sobre problemas vivenciados por homens e mulheres, vítimas de algum tipo de violência, principalmente o estupro. "É um projeto fundamental e criativo, cujo êxito se pauta em um desenvolvimento multidisciplinar, por via democrática, envolvendo todos os setores da comunidade escolar", afirma.

Durante o projeto, os alunos visitaram as delegacias, tiveram contato com delegados, com pessoas que foram vítimas de estupro, para que eles construíssem e trouxessem essa representação teatral, todo o conteúdo e a visão da justiça para que eles realmente se sensibilizassem e fizessem a representação.

Para a coordenadora pedagógica da escola, Socorro Nogueira, que trabalha na escola há 3 anos o projeto é de grande importância. "Vivemos em uma região reconhecida com um índice de violência alto, com isso é extremamente válido realizarmos eventos com esse intuito. Já temos um trabalho na escola voltado para a criação de cultura de paz que passa normalmente por uma formação que o aluno recebe, dentre eles temos esse júri simulado, que trata da violência contra a mulher, é um evento muito interessante e rico, pois além de todas as informações que são passadas, tem um teatro que é realizado em torno que oportuniza uma sensibilização de toda a situação e conscientiza as pessoas em torno da violência", afirma Socorro.

Já a professora de inglês que também estava participando do encontro, disse que a escola sempre realiza eventos de forma geral e que é grande a participação dos alunos. "O que me chama atenção aqui na escola é justamente esse interesse dos alunos em estar participando, pesquisando, porque geralmente a gente trabalha a questão do descompromisso deles, da evasão, mas quando tem um projeto desses, eles sempre se engajam, colocam a mão na massa, especificamente com a realidade da nossa comunidade e a gente já observa uma certa diferença e uma mudança até no comportamento deles e mais consciência para tratarem sobre o assunto. Mudei muito a visão após ouvi-los sobre o que eles passaram na vida deles, seja no mundo das drogas e/ou violência sofrida por eles", comenta.

A escola possui relatos de alunos que já passaram por situações de violência, inclusive a motivação inicial desse projeto, é justamente realizar um senso escolar com alunos da escola para saber o que eles já passaram nesse sentido, para assim a poder realizar algo mais efetivo, que tenha um resultado mais específico para cada pessoa que venha ter sofrido algum tipo de violência.

Natividade Lopes, aluna do 2º ano B noite, afirma que é um evento muito bom. "Esses projetos que fazemos dentro da escola estão melhorando muito nosso entrosamento e a nossa participação nas atividades desenvolvidas pela escola, eu que sou aluna e mãe de aluno percebo uma melhora em tudo e isso é muito gratificante. Alunos que já tiveram no mundo das drogas e hoje estão aqui contribuindo com os projetos e participando de outros projetos fora da escola, com isso temos mais confiança nas pessoas que estamos convivendo e no meu caso, fico mais tranquila com o meu filho que também aqui estuda", comenta a estudante.

O evento contou com a participação de 3 advogados da Associação Jurídica e Social do Piauí - AJUSPI, que promove ações beneficentes à sociedade,  Gabriel Pierot, Kennedy Vanderley que proferiu a palestra sobre o estupro e Thiago Brandim, presidente da associação que disse que foi um evento maravilhoso, para ele a palestra que foi tratada tem um retorno social muito grande. "A nossa associação tem esse viés exatamente, sorte nossa saber que o estado e a secretaria de educação estão fazendo esse trabalho, isso nos deixa muito felizes em podermos colaborar com o conhecimento e a informação desses  jovens inclusive com o respeito as leis e a boa convivência para não incorrerem nesse tipo de delito e em qualquer tipo de delito, nos deixa mais tranquilos quanto a formação e os cidadãos que estão sendo  formados no âmbito da escola pública do Estado do Piauí", completa.