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Intercâmbio de experiências apresenta na prática a Educação Contextualizada no Semiárido
Professores e
técnicos da educação dos estados do Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia e Sergipe visitaram in loco experiências
exitosas na educação contextualizada em algumas escolas do semiárido, através
do intercâmbio de experiências como prática da Gestão do Conhecimento. Entre os dias 4 e 7 de agosto, eles estiveram em Teresina (PI), Crateús (CE), Independência (CE) e Pedro II.

Em Independência, a equipe visitou a Escola Família Agrícola Dom Fragoso que tem o objetivo de promover uma formação contextualizada e integral de jovens camponeses que buscam conhecimentos técnicos apropriados para a convivência com o semiárido. Atualmente a escola conta com 74 jovens de 17 municípios do Ceará.
De acordo com a professora e monitora da EFA Eliane de Oliveira, os alunos passam duas semanas na escola e duas semanas com a família. "Na comunidade, eles desenvolvem o Plano de Estudo, pesquisam, levantam os problemas e põem em prática as descobertas que fazem", comenta.
O curso de Agropecuária tem duração de três anos e os alunos são integrados ao ensino médio. A escola possui 28 unidades produtivas, que atualmente são divididas em blocos de 12 por conta da questão hídrica. Lá a equipe conheceu algumas dessas experiências como a produção em Mandala, o Biodigestor, a Agrofloresta e o Minhocário.
Para Erdimaria Macêdo da Cáritas, a escola é referência porque a sua formação é com temáticas, planejamentos mensais e intercâmbios entre as escolas. "Eles aprendem dentro e fora da sala de aula, muito mais do que a sala de aula é a prática", afirma. A escola conta com uma equipe de oito monitores, quatro professores, três assessores, duas cozinheiras e um caseiro. Todos se dedicam para proporcionar uma educação de qualidade.
A EFA Dom Fragoso é mantida pela Associação Escola Família Agrícola de Independência que é formada pelas famílias dos educandos e de pessoas que, entusiasmadas pela obra, integram a Associação e trabalham com a pedagogia da alternância juntando a sabedoria prática com a teoria, possibilitando a interdisciplinaridade e a troca de saberes.

Já em Tamboril (Ce) a equipe visitou a EMEIF - Escola Municipal de Ensino Infantil e Ensino Fundamental João Pereira Lima, localizada na comunidade Alegre, onde vivem 84 famílias. De acordo com o professor Francisco Amauri Farias, ele e os demais professores inovam e inventam para poderem ministrar as aulas. "Quando não há o material, a gente cria. Utilizamos materiais reciclados, outros trazidos de casa, o que não nos impede de dar uma boa educação aos alunos", afirma o docente. O professor disse ainda que é preciso adotar esses princípios metodológicos na prática pedagógica, através de uma pesquisa pela região, observando a valorização do ambiente e da cultura local.
Durante a visita, os alunos prepararam uma apresentação que destacou a soberania na Educação Alimentar. "Procuramos sempre a melhor forma para que eles tenham uma boa compreensão. Utilizamos garrafas, frutas, verduras, aquilo que é utilizado por eles e suas famílias", destaca a professora Francimeire de Sousa, que também trabalha na EMEIF João Pereira Lima.
Na escola, os professores possuem uma estrutura mínima, com uma sala de aula, carteiras, uma pequena cozinha e um banheiro. O prédio não possui pátio, nem refeitório e nenhuma tecnologia.
De volta ao Piauí, em Pedro II foi visitada pela equipe do intercâmbio, a Fundação Santa Ângela, que iniciou seus trabalhos ainda no ano de 1981 e tem a missão de fomentar ações que propiciem à inclusão social, redução da pobreza e o exercício da cidadania de crianças, adolescentes e jovens do bairro Santo Antônio e de comunidades rurais, por meio da educação associada a projetos de geração de trabalho e renda.
Há 15 anos a escola/fundação é presidida pela
Assistente Social Nanete dos Santos Paraíso,
conhecida como Irmã Celina, que dedica sua vida a missão de trabalhar pela melhoria de vida da população mais pobre, sempre em
busca de levar cidadania com uma vida digna, através da orientação e formação
profissional.

Segundo irmã Celina, na Santa Ângela, as crianças são formadas para a vida. "Aqui todo mundo faz de tudo. Eles é quem cuidam e ajudam nos afazeres domésticos, além de cumprirem com suas tarefas escolares. Nossos meninos aprendem mais que técnicas, aprendem a fazer tudo com respeito, dignidade o amor. O futuro do Brasil está na educação contextualizada, está nas Escola Família Agrícola", orgulha-se.
Na oportunidade também houve apresentação dos alunos sobre suas experiências locais, em suas comunidades, seus depoimentos sobre a educação dada na escola, e o aprendizado colocado em prática e ainda foi visitada a Fazenda Santa Ângela, onde funciona boa parte dos laboratórios experimentais nas áreas de hortaliças, frutas e criação de aves, suínos e caprinos.
A Escola mantém parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Pedro II, e com a Secretaria Estadual de Educação no ensino formal e regular nos níveis: Educação Infantil - Pré-escola; Educação Fundamental - 1º ao 9º ano; Educação Profissional Técnica Integrada de nível Médio, articulada e integrada: Curso Técnico em Agroindústria, Técnico em Turismo Rural.
Ainda em Pedro II os intercambistas visitaram a Ecoescola Thomas A Kempis, que foi criada em 2001 pelo Centro de Formação Mandacaru de Pedro II, entidade filantrópica que tem como linha o acompanhamento socioeducativo de crianças e jovens da periferia da cidade e da zona rural.

A escola funciona em tempo integral e trabalha, além dos conteúdos curriculares, questões adequadas à realidade local, incluindo práticas em áreas específicas para o desenvolvimento econômico viável à região semiárida, numa interrelação entre teoria e prática.
De acordo com a diretora Adeodata dos Anjos, a Ecoescola possui ensino regular fundamental e médio. "No período em que os alunos estão na escola, além das aulas regulares, técnicas agrícolas de criação e produção são aplicadas e isso é que constitui o diferencial da escola que tem o maior objetivo de promover uma educação comprometida com o desenvolvimento das capacidades dos educandos", afirma a diretora.
Durante a visita os participantes do intercâmbio foram recebidos com músicas e logo depois foi apresentado pelos monitores, parte da estrutura da escola, com plantações, hortas sombreadas, criação de caprinos e fábrica de papel reciclado.
"Esse foi um grande momento para todos nós que participamos desse intercâmbio. Conhecermos as ações de gestão e multiplicação do conhecimento na região. E as práticas realizadas nessas escolas, por meio da educação contextualizada, servem de inspirações. Foi uma excelente experiência", disse a Coordenadora da Educação Contextualizada do programa Viva o Semiárido na Secretaria Estadual de Educação do Piauí (Seduc), Maria Cantalice.
A Visita de Intercâmbio - Educação
Contextualizada no Semiárido Brasileiro, foi promovida pela Procasur, no âmbito
do Programa Semear, em parceria com a SEDUC. Sua ideia é, além de intercambiar e conhecer experiências, contribuir
no fortalecimento das dinâmicas e dos processos de educação contextualizada no semiárido brasileiro a partir de debates propositivos e ao mesmo tempo refletir
como a educação pode contribuir na construção e disseminação da nova cultura de
convivência com o Semiárido, com técnicos, educadores e coordenadores de
projetos.