A educação pública do Piauí cruzou fronteiras e chegou a um dos maiores centros de pesquisa científica do mundo. A professora Karoma Cristina Morais, que há 16 anos ensina Física na rede estadual, foi a única docente do estado selecionada para a Escola de Física CERN 2025, realizada entre os dias 28 de agosto e 6 de setembro, em Lisboa (Portugal) e Genebra (Suíça).

Com apoio da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), que garantiu passagens e diárias, Karoma integrou o grupo de apenas 20 brasileiros escolhidos para a formação promovida pelo CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear) e pelo Laboratório de Instrumentação e Física de Partículas de Lisboa (LIP), em parceria com a RENAFAE, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e o São Paulo Research and Analysis Center (SPRACE).

Uma trajetória que inspira

Professora das escolas CETI Maria Dina Soares e CETI Indígena Oka Ka Inaminanoko, em Teresina, Karoma conta que conheceu o edital por meio de um colega e decidiu se inscrever. O processo de seleção levou em conta critérios acadêmicos e de representatividade regional, e ela foi escolhida para representar o Piauí.

“Levar o nome do nosso estado para um espaço de destaque internacional foi muito significativo. É uma oportunidade única de trocar experiências com pesquisadores do mundo inteiro e desejo que essa conquista inspire outros professores a sonhar alto e acreditar que é possível chegar longe por meio da educação”, afirmou a docente.

Conhecimento que volta para a sala de aula

A programação incluiu palestras com cientistas renomados, oficinas, atividades práticas em laboratório e visitas técnicas ao CERN. Um dos pontos altos, segundo Karoma, foi conhecer o Grande Colisor de Hádrons (LHC), responsável por descobertas históricas como a confirmação do bóson de Higgs. “Estar diante do LHC foi indescritível. Percebi a grandiosidade da ciência e o quanto o trabalho coletivo pode gerar descobertas que transformam a forma como entendemos o universo. Volto ainda mais apaixonada pela Física e com vontade de incentivar meus alunos a acreditarem no poder transformador da ciência e da educação”, destacou.

De volta ao Piauí, a professora já planeja compartilhar os aprendizados. Além de tornar as aulas mais atrativas, pretende organizar oficinas e projetos que despertem a curiosidade científica dos estudantes e ampliem sua participação em feiras e olimpíadas. “Não vivi apenas uma experiência pessoal, representei toda a rede estadual e agora o meu compromisso é multiplicar essa vivência com colegas e alunos”, disse.

Seduc aposta na valorização docente

A Seduc tem incentivado cada vez mais a formação internacional de professores. Em 2024, 11 professores acompanharam os estudantes vencedores do Seduckathon em jornadas de intercâmbios educacionais nos Estados Unidos, Coreia do Sul e Austrália. Este ano, a iniciativa ampliou seu alcance e 26 professores irão participar do intercâmbio em seis países.

Além disso, em 2024, um grupo de 30 professores e gestores também viajou para Singapura, país que lidera os rankings mundiais de educação, em mais uma ação de valorização e aperfeiçoamento docente.

Para o Secretário de Estado da Educação, Washington Bandeira, investir em experiências como a de Karoma é abrir novas possibilidades para toda a rede. “O apoio da Seduc em formações internacionais reafirma nosso compromisso de valorizar os educadores e fortalecer a educação do Piauí. Quando um professor vive uma experiência dessa dimensão, ele retorna com novos conhecimentos que transformam a prática em sala de aula e inspiram nossos estudantes”, afirmou.