Seduc realiza Congresso Internacional de Educação Escolar Indígena, Quilombola e do Campo

O Piauí sedia, até sábado (23), o I Congresso Internacional de Educação Escolar Indígena, Quilombola e do Campo, no Cine Teatro da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Teresina. O encontro, inédito no Estado, reúne mais de 350 participantes, entre lideranças comunitárias, gestores, pesquisadores e convidados nacionais e internacionais.


Promovido pela Seduc em parceria com a UFPI, o congresso discute políticas públicas voltadas para o acesso, a permanência e o sucesso escolar de comunidades tradicionais, respeitando suas identidades, culturas e formas próprias de aprender.

Na abertura, o Secretário de Estado da Educação, Washington Bandeira, destacou que a iniciativa é parte de um esforço maior da rede estadual para consolidar políticas de equidade étnico-racial.


“Na nossa gestão, liderada pelo Governador Rafael Fonteles, criamos as primeiras Escolas indígenas e quilombolas da Rede Estadual e uma Diretoria para tratar desta pauta, aprovamos as diretrizes curriculares e convocamos profissionais das comunidades nestas áreas, realizamos ações especiais de alfabetização e capacitação profissional (Alfabetiza Piauí e Mulheres Mil), implementamos um grande programa de educação para as relações étnico-raciais (Educar para Respeitar) e uma disciplina de história e cultura afro-brasileiras, fortalecemos a estrutura e o currículo das Escolas do campo e muito mais!”, afirmou.

Representando os povos originários, o cacique Henrique celebrou o espaço de escuta. “Esse congresso é muito importante para nós. É aqui que podemos discutir que tipo de educação queremos e como ela deve chegar às nossas comunidades”, destacou.


A programação inclui círculos de saberes, mesas-redondas, feira intercultural, mostra de documentários e apresentações artísticas, valorizando o intercâmbio entre diferentes tradições e experiências de ensino.

A conferência de abertura contou com a presença do escritor e filósofo Daniel Munduruku, que abordou a temática - Educação Escolar Indígena, Quilombola e do Campo: saberes ancestrais, territórios de resistência e direito à existência. “Muito importantes nós celebrarmos todos esses avanços que temos aqui, no Piauí, que, até poucos anos atrás, diziam não ter a presença de indígenas, apesar de ter o sítio arqueológico mais antigo do país. A restauração dessa presença é uma forma de restabelecer à memória do povo piauiense”.


O Ministério da Educação também participou da abertura. Para Evandro Medeiros, coordenador-geral de Políticas de Educação do Campo do MEC, o encontro é simbólico. “A educação precisa ser contextualizada, considerando as identidades e peculiaridades dessas populações. Nordeste e Amazônia concentram as maiores demandas de acesso à escola no campo, nas águas e nas florestas”, disse.

Avanços no Piauí

Nos últimos anos, a Seduc tem implementado políticas específicas para comunidades tradicionais. Entre as medidas estão a meta de implantar quatro escolas indígenas e quatro quilombolas, a elaboração de uma cartilha de educação antirracista e a criação do Selo de Educação Antirracista, que vai reconhecer práticas pedagógicas de valorização da história e da cultura indígena, africana e afro-brasileira.

O Piauí também inaugurou a primeira Escola de Tempo Integral Trilíngue do Estado, voltada para povos originários e imigrantes venezuelanos, referência nacional em educação inclusiva.

O congresso, transmitido pelo Canal Educação no YouTube, amplia o alcance das discussões e reforça o compromisso do Estado com uma escola pública que seja, ao mesmo tempo, espaço de aprendizado e pertencimento cultural.