Inclusão: Seduc aposta em projeto de educação para indígenas venezuelanos em Teresina
Considerando a importância de
inclusão de povos indígenas no processo de ensino e aprendizagem, a Secretaria
da Educação (Seduc-PI) elaborou o projeto EJA Intercultural Warao “Nebu
Tuma-Daomata Tane Naminakitane”, que são vocábulos do idioma Warao que
significa “Jovens e Adultos para aprender”, em tradução livre. O Núcleo de
Educação Escolar Indígena e Quilombola (NEEIQ) da Seduc promoveu uma reunião
com os diretores da Unidade Escolar Melvin Jones, Cristino Castelo Branco e
CEJA Gayoso e Almendra, que são escolas que devem aplicar o projeto pedagógico.
Participaram do encontro a diretoria e técnicos da UEJA e do superintendente da
SUETPEJA, professor Paulo Henrique.
A proposta foi pensada para
atendimento educacional na modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos) dos
indígenas venezuelanos Warao, que são um contingente de aproximadamente 265
migrantes refugiados que se encontram em Teresina. As escolas devem trabalhar
com os valores, saberes tradicionais e práticas de cada comunidade e garantir o
acesso a conhecimentos e tecnologias da sociedade nacional, relevantes para o
processo de interação e participação cidadã na sociedade nacional. Com isso, as
atividades curriculares devem ser significativas e contextualizadas às experiências
dos educandos e de suas comunidades.
O Governo Estadual instituiu
em 2022 o Núcleo de Educação Escolar Indígena e Quilombola – NEEIQ/SUEB, na
Secretaria da Educação. Este Núcleo foi instituído para implementar a Política
de Educação Escolar Indígena e Quilombola no âmbito da educação básica do
Piauí, com qualidade, inclusão e equidade. “Com o núcleo, a Seduc tem como foco
cuidar e reconhecer as comunidades indígenas e povos quilombolas. Nisso, a
atenção aos povos migrantes no território piauiense também recebe as políticas
públicas no âmbito da educação”, esclarece o superintendente de Ensino Antônio
Amaral.
Tatiana Oliveira, coordenadora
do Núcleo de Educação Indígena Quilombola da Seduc, destaca que o projeto tem
como principal foco o desenvolvimento de ações que viabilizem o atendimento
educativo pautado na autoafirmação do povo Warao (identidade, cultura,
tradições e língua), bem como a interação interlinguística (português, espanhol
e warao). “O objetivo é a promoção da equidade e garantia de direitos humanos
aos refugiados. Os indígenas venezuelanos da etnia Warao têm direito ao acesso
a uma educação diferenciada, multilíngue e que respeite suas culturas e
processos próprios de aprendizagem”, comenta.
A EJA Intercultural Warao deve
contar com acompanhamento pedagógico de uma equipe técnica multidisciplinar
composta por educadores, comunidade escolar e NEEIQ, em parceria com a Unidade
de Educação de Jovens e Adultos (UEJA/SUETPEJA). Nessa quinta-feira (18), os
educadores Warao, que atuam nas salas de aula como mediadores da língua nativa,
estiveram em reunião na Seduc para alinhamento e construção do material pedagógico
trilíngue de apoio.
As perspectivas pedagógicas
contemplam as demandas dos indígenas Warao que, segundo eles, precisam se apropriar
de práticas sociais específicas do território brasileiro para qualificarem suas
interações na sociedade em que estão e para adquirirem novas habilidades que
lhes permitam sobreviver dignamente.
Desde 2016, a Agência da ONU
para Refugiados (ACNUR) registra um fluxo crescente de pessoas indígenas vindas
da Venezuela para o Brasil – mais de 9,4 mil delas chegaram ao país em busca de
proteção internacional. Em Teresina, a Cáritas Arquidiocesana, parceira do
ACNUR, trabalha com os indígenas Warao desde 2019, quando os primeiros
refugiados e migrantes dessa etnia chegaram ao Piauí. Ao identificar as
necessidades dessa população, a organização iniciou o projeto Ciranda Latina,
de educação popular e alternativa para as crianças e adolescentes abrigados, oferecendo
um primeiro contato com a língua portuguesa e a cultura brasileira. A SEDUC é
parceira da SEMEC no atendimento de crianças e adolescentes de 5 a 16 anos no
Projeto Alfabetização sem Fronteiras.